Diagnóstico de Câncer de Pulmão: entenda o processo e suas opções
Postado em: 12/06/2025
O Câncer de Pulmão é a principal causa de morte por câncer no mundo. Um dos maiores desafios está na detecção precoce, já que os sintomas iniciais — como tosse persistente e falta de ar — costumam ser sutis e facilmente confundidos com outras doenças respiratórias.

Com os avanços da medicina diagnóstica, tornou-se possível identificar a condição com mais precisão por meio de exames de imagem de alta resolução, biópsias guiadas por tomografia e testes moleculares, que analisam o perfil genético do tumor.
Neste artigo, explico como é feito o diagnóstico do câncer de pulmão, quais exames são utilizados, como ocorre o estadiamento e as opções de tratamento mais modernas, incluindo imunoterapia e terapia-alvo.
Principais sintomas do câncer de pulmão
O câncer de pulmão geralmente evolui de forma silenciosa nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. No entanto, alguns sinais de alerta devem ser observados com atenção, especialmente em fumantes e ex-fumantes.
Entre os principais sintomas estão:
- Tosse persistente ou alteração no padrão da tosse habitual;
- Escarro com sangue (hemoptise);
- Falta de ar ou cansaço sem causa aparente;
- Dor no peito, que pode piorar ao respirar fundo, tossir ou rir;
- Rouquidão persistente;
- Perda de peso involuntária;
Estar atento a essas alterações pode facilitar o diagnóstico precoce do câncer de pulmão, aumentando as chances de um tratamento eficaz. Ao notar qualquer um desses sintomas, procure um cirurgião torácico para avaliação adequada.
Diagnóstico e estadiamento do câncer de pulmão
O diagnóstico do câncer de pulmão começa com uma avaliação clínica, principalmente em pacientes com tosse persistente, dor torácica ou falta de ar.
Principais exames utilizados:
- Radiografia de tórax: pode indicar massas ou alterações pulmonares;
- Tomografia computadorizada (TC): oferece imagens detalhadas para avaliar o tumor e sua extensão;
- PET-CT: identifica áreas de alta atividade metabólica, útil na detecção de metástases;
- Broncoscopia: permite examinar as vias aéreas e realizar biópsia para confirmar o diagnóstico.
Com a confirmação histopatológica, realizo o estadiamento, etapa essencial para definir o grau de disseminação e orientar o plano terapêutico.
O estadiamento determina se:
- O tumor está localizado apenas no pulmão;
- Há acometimento de linfonodos mediastinais ou cervicais;
- Existem metástases em órgãos como fígado, ossos ou cérebro.
Utilizamos o sistema TNM (Tumor, Nódulo, Metástase) para classificar a doença e definir a melhor abordagem, que pode incluir cirurgia torácica, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou terapia-alvo, conforme o estágio e o perfil do tumor.
Quando a cirurgia é indicada para câncer de pulmão
A cirurgia para câncer de pulmão é uma das abordagens mais eficazes, especialmente nos estágios iniciais da doença. Costuma ser indicada quando:
- O tumor está localizado, sem sinais de metástase (estágio I ou II);
- Não há invasão de estruturas vitais, como vasos pulmonares, traqueia ou coração;
- Há possibilidade técnica de ressecção completa com segurança.
Além do perfil oncológico, avalio também a função pulmonar e a condição clínica geral do paciente, fundamentais para uma cirurgia segura e recuperação eficaz.
Em alguns casos de câncer de pulmão em estágio avançado, a cirurgia pode ser indicada após quimioterapia ou radioterapia, como parte de um tratamento multimodal, com foco no controle da doença e na melhora da sobrevida.
Tipos de cirurgia para câncer de pulmão
A definição da técnica de cirurgia torácica depende da localização e tamanho do tumor e das condições clínicas do paciente. O objetivo é remover o câncer com segurança e preservar a função pulmonar.
- Ressecção em cunha: remove o tumor com uma margem de tecido saudável. Indicada para lesões periféricas ou pacientes com risco cirúrgico elevado;
- Segmentectomia: retira um segmento anatômico maior que a cunha, preservando parte do lobo. Alternativa para tumores iniciais em pacientes com função pulmonar limitada;
- Lobectomia: padrão-ouro para o câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) nos estágios iniciais. Envolve a remoção de um lobo pulmonar, com excelentes taxas de controle local;
- Pneumonectomia: remove todo o pulmão afetado. Indicada para tumores centrais ou extensos, quando não é possível preservar estruturas pulmonares. Exige avaliação cuidadosa da função respiratória.
Técnicas cirúrgicas: aberta ou minimamente invasiva
A via de acesso influencia diretamente na recuperação e nos resultados cirúrgicos.
- Toracotomia: técnica aberta, com incisão maior e afastamento das costelas. Utilizada em tumores grandes ou com invasão de estruturas adjacentes;
- Videotoracoscopia (VATS): técnica minimamente invasiva, feita por pequenas incisões com auxílio de microcâmera. Indicada para tumores iniciais, oferece:
- Menor trauma cirúrgico;
- Recuperação mais rápida;
- Menos dor pós-operatória;
- Internação hospitalar reduzida.
- Menor trauma cirúrgico;
Outras opções de tratamento para o câncer de pulmão
Além da cirurgia, o tratamento pode incluir terapias sistêmicas e locais, de acordo com o tipo e estágio da doença.
Terapias-alvo e imunoterapia
Essas abordagens são indicadas em tumores com alterações genéticas específicas, como EGFR, ALK e ROS1.
- Terapias-alvo: bloqueiam mecanismos de crescimento das células tumorais, com mais precisão e menos efeitos adversos;
- Imunoterapia: estimula o sistema imunológico a atacar o câncer. Mostra bons resultados, especialmente em tumores com expressão de PD-L1, inclusive em casos avançados.
Radioterapia estereotáxica corporal (SBRT)
Técnica de alta precisão que aplica doses concentradas de radiação diretamente no tumor, preservando tecidos saudáveis. Indicada para:
- Pacientes sem condições clínicas para cirurgia;
- Tumores pequenos e bem localizados;
- Lesões de difícil acesso cirúrgico.
Em casos selecionados, a SBRT apresenta resultados comparáveis à cirurgia.
Quimioterapia
A quimioterapia continua sendo um dos pilares no tratamento do câncer de pulmão, podendo ser utilizada:
- Antes da cirurgia (neoadjuvante);
- Após a cirurgia (adjuvante);
- Como tratamento principal em estágios avançados.
Seu objetivo é eliminar células tumorais, reduzir o tumor e controlar a progressão da doença.
Se você recebeu o diagnóstico de câncer de pulmão, agende uma consulta comigo. Vamos juntos traçar a melhor estratégia de tratamento, com foco na sua segurança, qualidade de vida e bem-estar.
Dr. Caio Sterse
Cirurgião Geral e Torácico
CRM-SP: 124698 | RQE: 123725 | 123726
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