Como a Simpatectomia afeta a regulação térmica do corpo

Postado em: 24/04/2025

A Simpatectomia Torácica é uma cirurgia indicada principalmente para o tratamento da hiperidrose, condição caracterizada pelo suor excessivo em áreas como mãos, axilas e pés. Embora eficaz na redução da sudorese, esse procedimento pode impactar o sistema nervoso simpático, alterando a regulação térmica do corpo.

Como a Simpatectomia Afeta a Regulação Térmica do Corpo
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O suor tem um papel essencial na dissipação do calor corporal, ajudando a manter a temperatura equilibrada. Quando a transpiração é reduzida em determinadas regiões devido à simpatectomia, o organismo precisa encontrar novas formas de resfriamento, o que pode resultar em sudorese compensatória e outras adaptações fisiológicas.

Neste artigo, vou explicar como essa cirurgia interfere na regulação térmica, quais mudanças podem ocorrer após o procedimento e como lidar com seus efeitos no pós-operatório. Acompanhe e saiba mais!

O sistema nervoso simpático e a regulação térmica

O sistema nervoso simpático faz parte do sistema nervoso autônomo e controla diversas funções involuntárias, incluindo a sudorese e a regulação térmica.

Quando a temperatura corporal aumenta, os receptores térmicos enviam sinais ao cérebro, que ativa o sistema simpático para estimular as glândulas sudoríparas. Esse mecanismo ajuda a dissipar o calor por meio da evaporação do suor na pele.

Além disso, o sistema simpático regula a vasodilatação e a vasoconstrição dos vasos sanguíneos periféricos, promovendo a liberação ou a retenção de calor conforme necessário. Qualquer alteração nesse processo pode comprometer a capacidade do organismo de manter uma temperatura equilibrada. 

Como a simpatectomia pode afetar a regulação térmica?

A simpatectomia torácica interrompe os impulsos nervosos do sistema simpático, reduzindo a atividade das glândulas sudoríparas em áreas específicas, como mãos e axilas. Como consequência, a transpiração nessas regiões diminui, alterando a dissipação de calor pelo corpo.

Embora essa mudança seja benéfica para pacientes com hiperidrose, pode causar adaptações fisiológicas, como:

  • Diminuição da dissipação de calor nas áreas tratadas, dificultando o resfriamento corporal em temperaturas elevadas.
  • Sudorese compensatória, com aumento da transpiração em regiões não afetadas pela cirurgia, como costas, abdômen e coxas.
  • Sensação de pele seca e sensível, especialmente onde a produção de suor foi reduzida.

A intensidade dessas alterações varia de acordo com a idade, nível de atividade física e resposta individual ao procedimento.

Sudorese compensatória: uma resposta do organismo

A sudorese compensatória é um dos efeitos mais comuns da simpatectomia. Com a redução da transpiração nas áreas tratadas, o corpo compensa aumentando a produção de suor em outras regiões.

Os locais mais afetados costumam ser:

  • Costas.
  • Abdômen.
  • Coxas.
  • Glúteos.

Em muitos casos, uma sudorese compensatória é leve e tende a diminuir com o tempo, conforme o corpo se adapta. No entanto, para alguns pacientes, pode ser intensa e até tão incômoda quanto a hiperidrose original.

Por isso, é essencial que o paciente tenha consciência desse efeito antes da cirurgia. O acompanhamento de um cirurgião torácico permite uma avaliação detalhada dos riscos e benefícios, garantindo uma decisão segura e bem informada.

Outras alterações na regulação térmica

Além do sudorese compensatório, a simpatectomia pode provocar outras alterações na forma como o corpo controla a temperatura, incluindo:

  • Sensação de pele seca: a redução da transpiração pode deixar a pele mais seca e propensa a irritações. O uso de hidratantes específicos ajuda a minimizar esse desconforto.
  • Dificuldade em dissipar calor: em ambientes quentes, o paciente pode perceber que sua capacidade de resfriamento está comprometida. Isso ocorre porque o suor, principal mecanismo de regulação térmica, é limitado em algumas áreas.
  • Alteração na percepção térmica: algumas pessoas relatam maior sensibilidade ao calor ou ao frio após a cirurgia. Essas mudanças variam de acordo com o metabolismo e a adaptação de cada paciente.

O que esperar no pós-operatório?

A adaptação do organismo após uma simpatectomia pode levar semanas ou meses. Durante esse período, algumas recomendações costumam ajudar com os efeitos na regulação térmica:

  • Hidrate-se bem: o consumo adequado de água auxilia na regulação da temperatura e pode minimizar o desconforto causado pela sudorese compensatória.
  • Evite exposição prolongada ao calor: ambientes muito quentes podem ser mais desafiadores. Sempre que possível, mantenha-se em locais ventilados e use roupas leves.
  • Cuidado da pele: para evitar o ressecamento, utilize cremes ou loções hidratantes que preservam a umidade natural da pele.
  • Monitore a sudorese compensatória: caso o suor em outras regiões se torne excessivo, consulte um especialista para avaliar possíveis tratamentos complementares.
  • Realize acompanhamento médico: consultas regulares com o cirurgião torácico são fundamentais para monitorar a adaptação do organismo e ajustar o tratamento, se necessário.

Vale a pena fazer uma simpatectomia?

A decisão de realizar uma simpatectomia deve ser individualizada, levando em conta os benefícios e os possíveis impactos na regulação térmica do corpo. Para muitos pacientes, a redução da hiperidrose justifica os ajustes necessários no dia a dia.

No entanto, é importante avaliar todos os aspectos do procedimento com um especialista. Se você enfrenta suor excessivo e deseja conhecer as melhores opções de tratamento, agende uma consulta comigo. Juntos, encontraremos a melhor estratégia para proporcionar mais conforto e qualidade de vida.

Dr. Caio Sterse
Cirurgião Geral e Torácico
CRM-SP: 124698 | RQE: 123725 | 123726

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